sábado, 11 de julho de 2009

O Brega - capítulo 3 (por Frederico Alfredo Rossi)

Cabra Macho

Waldomiro Peçanha é cabra macho pra daná, e não gosta de frescuras, principalmente com seu nome. Não quer ser chamado de Miro, nem de Wal, nem de Wavá. Pra ele isso é coisa de boiola. Ou é Waldomiro, ou Waldomiro Peçanha, e talvez, pra uma mulher muito, mas muito chegada, Wadão.

Todos o conhecem como “O Brega”, mas jamais tiveram a coragem de pronunciar o apelido em sua frente. Reza a lenda, que certa vez, seu primo o chamou de “Brega”. Duas facadas e 22 pontos foi o resultado... no primo, é claro. Lenda ou não, é bom não arriscar.

Ele não chega a ser grosseiro, mas não é nada delicado. Homem é homem, mulher é mulher, e baitola ele ignora.

Como a maioria dos brasileiros, ele é honesto, trabalhador e adora um final de semana prolongado, um domingão de manhã. Nessas ocasiões, capricha na indumentária, pega sua vitrola portátil Delta, que mais parece uma pequena maleta, seleciona uns trinta LPs de sua vasta coleção, e vai para o Museu do Ipiranga. Chega bem cedo para arrumar um bom lugar no jardim, se ajeita, coloca pilha na vitrola, escolhe criteriosamente um disco de Bartô Galeno, e som na caixa.

♪ “Só lembranças ... só lembranças” ♫

Deita-se na grama, meio de lado, com as pernas abertas, uma esticada e a outra encolhida, mostrando seu dote para as pretendentes transeuntes, sob sua calça de gabardine (uns dois números a menos do que deveria ser...), coça as costeletas, e alisa o bigode.

Muda o disco constantemente, mesmo antes de tocar até o fim. Vai de Bartô para Odair José, passa por Evaldo Braga, cutuca com Paulo Sérgio e apela com um do Robertão. Era só colocar um do Rei que pintava coisa boa...

O mais incrível, talvez para quem não curte este tipo de balada, é que “O Brega” arrumava mulher desse jeito... Impressionante!

♫ “De que vale tudo isso, se você não está aqui...De que vale tudo isso, se você não está aqui” ♪ ...

Tirou o Raiban do rosto e ajeitou na cabeça, respondendo ao sorriso de uma coroa que estava sentada no banco a sua frente.

 E aí “Broto”... curte um Robertão?  ela tinha pelo menos uns 45 anos.

 Adoro...você tem muito bom gosto!

 Podes crer ... chega aqui pra escolher uma música  e assim foi... é mole?

Dois beijinhos e apresentações lá e cá, em poucos minutos estavam íntimos. A coroa se chama Otília Maria das Chagas, mas gosta de ser chamada de “Tilinha”. Também revelou ser viúva de um motorista de ônibus, um tal de “Baiacú”, pela barriga inchada.

Não era lá o tipo preferido de Waldomiro, que ficou encantado com o maior par de seios já vistos no pedaço. Mas que peitão, cara... grande, redondo, voluptuoso, fora do comum. Na hora, “O Brega” se imaginou sugando aquelas maravilhas, e só pensava nisso. É claro que uma viúva de 45 anos, naquele local, não ia exercer muita resistência...

O parque estava bem cheio, mas na primeira oportunidade, arriscou um toque... um dedo... dois, e logo encheu a mão. Que peitão, cara!

Combinaram um forró mais a noitinha... dançaram, beberam, e depois, um hotel ali perto.

“O Brega” é fodedor... a qualidade das gatas não é lá das melhores, mas e daí, o que é que tem?

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